Friday, September 30, 2005
Tuesday, September 27, 2005
Viva o dia dos cantores!!!
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico.
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
(Viagem / Cecília Meireles)
Onde está o guarda-chuva?
Não há guarda-chuva
contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro.
Não há guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre.
Não há guarda-chuva
contra o tédio:
o tédio das quatro paredes, das quatro
estações, dos quatro pontos cardeais.
Não há guarda-chuva
contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob as espécies de papel e tinta.
Não há guarda-chuva
contra o tempo,
rio fluindo sob a casa, correnteza
carregando os dias, os cabelos.
(A Carlos Drummond de Andrade / João Cabral de Melo Neto)
Sunday, September 25, 2005
Mary
Um minuto de estrondo a idade reencontrada. As taças para o brinde, porque hoje sou de novo uma mulher com sutiã grená, polindo os dentes sem pressa e desenhando a boca em coração. Basta, nem só eu respondo pela fome do mundo, e vou certificar-me, se ainda me olham duas vezes, se ainda, intimido, se pelo que amo ainda faço a face dos homens abrandada e ansiosa. Enquanto dura a trégua, vou guerrear.
(Adélia Prado)
Saturday, September 24, 2005
Friday, September 23, 2005
Wednesday, September 21, 2005
Saudade
Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas as vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida
(Clarice Lispector)
Tuesday, September 20, 2005
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira)
Monday, September 19, 2005
Friday, September 16, 2005
babynolia
Que que eu quero mais?
Se eu sei que a vida é bela e linda!
Que que eu quero mais?
Se eu sei que eu estou de bem com a vida!
Mag,
Mag, mag.
Magnólia
Thursday, September 15, 2005
No fim de tudo dormir
No fim de tudo dormir.
No fim de quê?
No fim do que tudo parece ser...,
Este pequeno universo provinciano entre os astros,
Esta aldeola do espaço,
E não só do espaço visível, mas até do espaço total.
(No fim, Álvaro de Campos)
Wednesday, September 14, 2005
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