Wednesday, November 25, 2009
A viagem
Inicia-se uma viagem incrível, por lugares nunca percorridos.
Novidades da vida por viver.
A partida é a dois, de mãos dadas, como num longo abraço, sem nós nem amarras, um enlace natural espontâneo, como uma bonequinha Abayomi.
Passam pelos corpos dos viajantes paisagens deslumbrantes, com montanhas cheias de neve branca, brilhando ao sol que ilumina praias de areia igualmente branca e fina, cidades espantosas organizadas dentro de seu próprio caos, florestas densas cortadas por rios vivos e apressados, nuvens de chuva, templos ancestrais, arte por todos os cantos, estruturas sensacionais desenvolvidas pelo homem respeitando as forças da natureza.
Uma perspectiva de quem observa o mundo em um voo pelas histórias que encontra pela frente, pelo lado, por trás, por cima e por baixo.
Compartilhar sensações num mergulho no desconhecido, um balé aquático onde os bailarinos e seus espíritos flutuam em sintonia, sustentando-se mutuamente.
A viagem é de vida e de morte, cada dia uma pedra, um prato de comida, um perfume, uma desventura, uma aventura.
Partimos voando num tapete mágico que pode alcançar qualquer altura, desde as estrelas até as profundezas mais escuras dos oceanos. Virando peixes, e sereias, e leões, e cachorros, e flores, e carne, e sangue e vida.
Navegação: descrição, organização, elaboração e estruturação dos planos de voo, as metas são sempre móveis, o ponto de chegada não é definido.
Ideias na cabeça e chinelo nos pés.
Próxima parada? Onde o amor nos levar.
Monday, September 21, 2009
Chove. Que fiz eu da vida?
Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!
Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...
Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, estou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!
F.Pessoa, 23-10-1931
imagem
Francis Bacon
Three Studies for Crucifixion 1, 2 e 3 - 1962
Saturday, August 29, 2009
Thursday, August 13, 2009
Tuesday, August 04, 2009
Tuesday, July 21, 2009
Monangambé
Monangambé
Naquela roça grande
não tem chuva
é o suor do meu rosto
que rega as plantações;
Naquela roça grande
tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue
feitas seiva.
O café vai ser torrado
pisado, torturado,
vai ficar negro,
negro da cor do contratado.
Negro da cor do contratado!
Perguntem às aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
Quem se levanta cedo?
quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinquenta angolares
"porrada se refilares"?
Quem?
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer?
- Quem?
Quem dá dinheiro para o patrão comprar
máquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?
Quem faz o branco prosperar,
ter barriga grande
- ter dinheiro?
- Quem?
E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:
- "Monangambé..."
Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo
e esquecer diluído
nas minhas bebedeiras
- "Monangambé...'"
António Jacinto letra (Angola)
Rui Mingas musica (Angola)
Lura voz (Cabo Verde)
Toy Vieira piano (Cabo Verde)
NOTA:
Monangambé (O contratado) eram angolanos negros contratados para trabalhar nas roças dos brancos, na era colonial. Por vezes, em províncias de Angola bem distantes dos locais onde viviam. Deixavam as famílias para trás e iam ganhar a vida.
Ainda nos tempos da ditadura portuguesa, Rui Mingas (que nessa altura estudou e viveu em Portugal, onde começou a ser conhecido como atleta e chegou a embaixador de Angola em Lisboa e a ministro da Educação no governo angolano após a independência desse país), através do poema de António Jacinto, deu voz à dor que estes homens sentiam e que tentavam esquecer bebendo maruvo, uma espécie de aguardente.
Friday, July 17, 2009
Vamos passear?
Exposição Virada Russa - Até 23 de agosto
Exposição Yves Saint Laurent - Até 19 de julho
CCBB Rio 2009
Monday, July 13, 2009
Monday, June 22, 2009
Sunday, June 21, 2009
Monday, June 08, 2009
Friday, June 05, 2009
Monday, June 01, 2009
Sem cerimônia
observações:
1. o som tá muito ruim mas acho que numa caixa boa deve dar pra ouvir melhor.
2. não sabia qu o marcelo frança era diretor de cinema! hehe
3. alguém já viu este filme todo?
Tuesday, May 26, 2009
Fools in love
Fools in love, well are there any other kind of lovers?
Fools in love, is there any other kind of pain?
Everything you do, everywhere you go now
Everything you touch, everything you feel
Everything you see, everything you know now
Everything you do, you do it for your lady
Love your lady, love your lady
Love your lady, love...
Fools in love, are there any creatures more pathetic?
Fools in love, never knowing when theyve lost the game
Everything you do, everywhere you go now
Everything you touch, everything you feel
Everything you see, everything you know now
Everything you do, you do it for your lady
Love your lady, love your lady
Love your lady, love...
Fools in love they think theyre heroes
cause they get to feel no pain
I say fools in love are zeros
I should know, I should know
Because this fools in love again
Fools in love, gently hold each others hands forever
Fools in love, gently tear each other limb from limb
Everything you do, everywhere you go now
Everything you touch, everything you feel
Everything you do, even your rock n roll now
Nothing mean a thing except you and your lady
Love your lady, love your lady
Love your lady, love...
Fools in love they think theyre heroes
cause they get to feel no pain
I say fools in love are zeros
I should know, I should know
Because this fools in love again
Joe Jackson
Friday, May 22, 2009
Zé Rodrix
Tenho este disco em viníl, é maravilhoso! A vitrola foi o primeiro aparelho que eu aprendi a mexer. Este disco fez parte das minhas descobertas de infância, enquanto explorava os discos dos meus pais. Ele foi lançado em 1976, eu então com cinco aninhos...
Me lembro, minha mãe colocava esta música para ensinar meu irmão a dançar rock e não fazer feio com as gatinhas nas suas primeiras festinhas! Eu aproveitava pra ir treinando os meus passinhos também e ficávamos horas dançando. Foi muito bom! Que sorte ter esta referência. O Zé Rodrix partiu esta madrugada aos 61 anos, pra mim foi cedo, mas valeu!
É impossível parar de dançar
Zé Rodrix
Eu me seguro mais que eu posso
Sempre tentando não dar bandeira
Mas eles tocam
E eu continuo dançando
Eu danço sempre que eles tocam
Daquela mesma velha maneira
Eu dou bandeira
Eu danço quase sem querer dançar
Eu danço sempre, sem notar
E quando eu danço
Fico muito tempo sem poder dançar
Fico sossegado sem querer ficar
Juro que não danço nunca mais na vida
E continuo me enganando que ainda vivo feliz
Mas eles tocam a velha música
E eu tô ali de qualquer maneira
Eu dou bandeira
E danço quase sem querer dançar
Não adianta promessa firme
Ninguém consegue controlar
O tempo passa
E todo mundo continua dançando
É impossível parar de dançar
Tuesday, May 19, 2009
Monday, May 18, 2009
Uva de caminhão
Já me disseram que você andou pintando o sete
Andou chupando muita uva
E até de caminhão
Agora anda dizendo que está de apendicite
Vai entrar no canivete, vai fazer operação
Oi que tem a Florisbela nas cadeiras dela
Andou dizendo que ganhou a flauta de bambu
Abandonou a batucada lá na Praça Onze
E foi dançar o pirolito lá no Grajaú
Caiu o pano da cuíca em boas condições
Apareceu Branca de Neve com os sete anões
E na pensão da dona Estela foram farrear
Quebra, quebra gabiroba quero ver quebrar
Você no baile dos quarenta deu o que falar
Cantando o seu Caramuru, bota o pajé pra brincar
Tira, não tira o pajé, deixa o pajé farrear
Eu não te dou a chupeta, não adianta chorar
(Assis Valente)
Wednesday, May 13, 2009
Tuesday, May 12, 2009
Monday, May 11, 2009
Sugestão pra semana
Deixe de lado esse baixo astral
Erga a cabeça enfrente o mal
Que agindo assim será vital para o seu coração
É que em cada experiência se aprende uma lição
Eu já sofri por amar assim
Me dediquei mas foi tudo em vão
Pra que se lamentar
Se em sua vida pode encontrar
Quem te ame com toda força e ardor
Assim sucumbirá a dor
Tem que lutar
Não se abater
Só se entregar
A quem te merecer
Não estou dando nem vendendo
Como o ditado diz
O meu conselho é pra te ver feliz
Conselho
Composição: Adilson Bispo / Zé Roberto
Thursday, May 07, 2009
Wednesday, May 06, 2009
Ampliação do gozo
Ter uma ideia
Bolar uma ação para expressa-la
Realizar o desejo da comunicação a partir da expressão artística, interferindo no espaço urbano, alterando perspectivas e ângulos. Bulindo com as sensações das pessoas.
Como se pode ampliar o gozo?
Vôo-Velofluxo de Suzana Queiroga
Dias 08, 09 e 10 de maio de 2009 das 16h as 18h
Parque dos Patins – Lagoa Rodrigo de Freitas
Dependendo do tempo o vôo poderá ser adiado para os dias 15, 16 e 17 no mesmo horário.
http://www.suzanaqueiroga.blogspot.com/
fotos Vôo-Velofluxo no Parque do Flamengo
dia 5 de maio, 8h
Monday, May 04, 2009
Segunda-feira cheia de sol e céu azul
Segunda-feira negra cheia de luz
Estou sozinho estou triste etc…
Quem virá com a nova brisa que penetra?
Meu coração não se cansa
de ter esperança de um dia ser tudo o que quer
Ninguém pode calar dentro em mim
Essa chama que não vai passar
É mais forte que eu
A criação é uma coisa muito importante
Tudo é pessoal
Ridícula, perfeitamente ridícula, só não vê quem não quer
Será que dá pra diminuir um pouco a luz?
Estou sozinho estou triste etc…
Quem virá com a nova brisa que penetra?
Meu coração não se cansa
de ter esperança de um dia ser tudo o que quer
Ninguém pode calar dentro em mim
Essa chama que não vai passar
É mais forte que eu
A criação é uma coisa muito importante
Tudo é pessoal
Ridícula, perfeitamente ridícula, só não vê quem não quer
Será que dá pra diminuir um pouco a luz?
Wednesday, April 29, 2009
Monday, April 27, 2009
o que é qualidade de vida?
Sujar o pé de areia pra depois lavar na água
Lavar o pé na água pra depois sujar de areia
Esperar o vaga-lume piscar outra vez
Ouvir a onda mais distante por trás da onda mais próxima
Sujar o pé de areia pra depois lavar na água
Respirar
Sentir o sabor do que comer
Caminhar
Se chover, tomar chuva
Não esperar nada acontecer
Ser gentil com qualquer pessoa
Ter saudade no final da tarde
Para quando escurecer, esquecer
Ao se deitar para dormir, dormir
Num Dia
Arnaldo Antunes / Hélder Gonçalves / Manuela Azevedo / Chico Salém
Tuesday, April 21, 2009
O ovo e a galinha
O ovo é uma exteriorização. Ter uma casca é dar-se.- O ovo desnuda a cozinha. Faz da mesa um plano inclinado. O ovo expõe. – Quem se aprofunda num ovo, quem vê mais do que a superfície do ovo, está querendo outra coisa: está com fome.
Entrevista com Clarice Lispector - 1977 - TV Cultura
Pintura: O ovo - Tarsila do Amaral
Wednesday, April 15, 2009
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
CDA
Monday, April 13, 2009
Thursday, April 09, 2009
Tuesday, April 07, 2009
Nada pode tudo na vida
Era uma vez
uma mulher que via um futuro grandioso
para cada homem que a tocava
Um dia ela se tocou
Milágrimas
Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre
Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre
Música: Itamar Assumpção
Letra: Alice Ruiz
Friday, April 03, 2009
Gira Gabi Gira
Roda Gira
Gira roda
Roda o mundo
E eu na mira
Entro na roda
Giro a Gira
A Gira me gira
E eu me encontro
Não aqui:
Noutro mundo
texto: gigi
desenho: j. carlos
Thursday, April 02, 2009
NAVALHANALiGA
sou uma moça polida
levando
uma vida lascada
cada instante
pinta um grilo
por cima
da minha sacada
alice ruiz
Tuesday, March 31, 2009
Licença minha Mãe
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia
O pescador não tem medo
É segredo se volta ou se fica no fundo do mar
Ao ver a morena bonita sambando
Se explica que não vai pescar
Deixa o mar serenar
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia
A lua brilhava vaidosa
De si orgulhosa e prosa com que deus lhe deu
Ao ver a morena sambando Foi se acabrunhando então adormeceu o sol apareceu
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia
Um frio danado que vinha
Do lado gelado que o povo até se intimidou
Morena aceitou o desafio Sambou e o frio sentiu seu calor e o samba se esquentou
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia
A estrela que estava escondida
Sentiu-se atraída depois então
apareceu
Mas ficou tão enternecida Indagou a si mesma a estrela afinal será ela ou sou eu
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia
veja o vídeo
Thursday, March 26, 2009
utopia
Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo, mas irmão
Capital da alegria
Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu desafio
Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso, a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio, este rumo, esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?
(zeca afonso)
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